Cidadão Kane
"O que nos faz criadores é, antes de mais, uma inquietação ética, um 'ter-de-responder' que não emerge da boa vontade de um eu constituído, senão um eu que já foi investido pela alteridade, um eu inspirado pelo outro (...)"
Sociedade Pós-Moderna - Luzes e Sombras
André Roberto Cremozi e Rogério Baptistella
"Meu pai certa vez havia me dito que mulheres sabem coisas que os homens ignoram. Por vezes tem certa expressão no olhar, mas, quando a notamos, jamais devemos perguntar o que estão realmente pensando. Se perguntar elas podem responder o que não queremos ouvir."
O Aprendiz
As aventuras do caça-feitiço
Joseph Delaney
"E olha que ainda existem auto-observadores ingênuos que acreditam na existência de "certezas imediatas". Por exemplo "eu penso" (Crítica a Descartes.) ou, e esta foi a superstição de Schopenhauer, "eu quero". Como se o conhecimento chegasse a discernir o seu objeto, pura e simplesmente, como "coisa em si", como se não houvesse falsificação, quer por parte do sujeito, quer por parte do objeto. Mas hei de repetir cem vezes que a "certeza imediata", do mesmo modo que o "conhecimento absoluto" e a "coisa em si" encerram uma contradictio in adjecto! Dever-nos-íamos libertar da sedução das palavras! Que o povo acredite que o conhecimento consiste em conhecer uma coisa até o fim vá lá, mas o filósofo deve dizer "Quando eu analiso o processo expresso na proposição 'eu penso' obtenho uma série de afirmações temerárias difíceis, se não impossíveis de fundamentar. Afirmações do tipo : que sou eu quem pensa, que tem de existir em absoluto algo que pensa, que pensar é uma atividade e o efeito de um ser considerado como causa, que existe um 'eu', enfim que já está estabelecido o que se deve entender por pensar, que eu sei o que é pensar. Pois, se eu não estivesse já com idéias assentes sobre isso, como poderia decidir se o que está a acontecer não é talvez 'querer' ou 'sentir'? Resumindo, esse 'eu penso' pressupõe que eu compare o meu estado momentâneo com outros estados que conheço já em mim, para estabelecer o que ele é. Devido a esta comparação com um 'saber' de outro tipo, não é, para mim pelo menos, uma certeza 'imediata'". Em vez dessa "certeza imediata" em que o povo talvez acredite no caso apontado, o filósofo fica com uma série de questões de metafísica, verdadeiros problemas de consciência do intelecto, tais como esses: "De onde é que extraio o conceito de pensar? Por que acredito na causa e no efeito? O que me da o direito de falar de um eu e ainda de um eu como causa, e finalmente um eu como causa de pensamentos?" Qualquer um que, baseado numa espécie de intuição do conhecimento, se aventura a responder imediatamente a estas questões da metafísica, como faz aquele que diz: "eu penso, e sei que pelo menos isso é verdadeiro, real e certo" - esse, hoje, provocará no filósofo um sorriso e dois pontos de interrogação. "Senhor", dir-lhe-á talvez o filósofo,"é pouco provável que não esteja enganado: mas por que deseja a verdade a todo o custo?"."
Para Além do Bem e do Mal
Friedrich Nietzsche
"Bem, penso da morte a mesma coisa que penso das multinacionais. Ela está aí, existe, não há como evitá-la, pode até ser uma coisa boa na medida em que cria empregos, etc. - mas sou contra. Quanto à vida eterna, minha preocupação não é se existe ou não, é chegar lá e encontrar os melhores lugares tomados por quem foi primeiro."
Auto-entrevista
Luis Fernando Verissimo
"Se a nossa existência não tem por fim imediato a dor, pode dizer-se que não tem razão alguma de ser no mundo. Porque é absurdo admitir que a dor sem fim, que nasce da miséria inerente à vida e enche o mundo, seja apenas um acidente, e não o próprio fim. Cada desgraça particular parece, é certo, uma exceção, mas a desgraça geral é regra."
Dores do Mundo
Schopenhauer
"A coisa mais misericordiosa do mundo é, segundo penso, a incapacidade da mente humana em correlacionar tudo o que sabe. Vivemos em uma plácida ilha de ignorância em meio a mares negros de infinitude, e não fomos feitos para ir longe. As ciências, cada uma empenhando-se em seus próprios desígnios, até agora nos prejudicaram pouco; mas um dia a compreensão ampla de todo esse conhecimento dissociado revelará terriveis panoramas da realidade e do pavoroso lugar que nela ocupamos, de modo que ou enlouqueceremos com a revelação ou então fugiremos dessa luz fatal em direção à paz e ao sossego de uma nova idade das trevas."
O Chamado de Cthulhu
H.P. Lovecraft
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Ensaio Sobre a Verdade e a Mentira em um Sentido Ex-Moral,
Friedrich Nietzsche,
Leonardo
0
comentários
"O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas"
Ensaio Sobre a Verdade e a Mentira em um Sentido Ex-Moral
Friedrich Nietzsche
"Ora, seria uma coincidência tão absurdamente improvável que um ser tão estonteantemente útil viesse a surgir por acaso, por meio da evolução das espécies, que alguns pensadores vêem no peixe-babel a prova definitiva da inexistência de Deus.
O raciocínio é mais ou menos o seguinte: 'Recuso-me a provar que eu existo', diz Deus, 'pois a prova nega a fé, e sem fé eu não sou nada.'
Diz o homem: 'Mas o peixe-babel é uma tremenda bandeira, não é? Ele não poderia ter evoluído por acaso. Ele prova que você existe, e portanto, conforme o que você mesmo disse, você não existe. Q. E. D'
Então Deus diz: "Ih, não é que eu não tinha pensado nisso?" E imediatamente desaparece, numa nuvenzinha de lógica."
*Do latim quod erat demontrandum (como queríamos demonstrar). (N.T.)
O raciocínio é mais ou menos o seguinte: 'Recuso-me a provar que eu existo', diz Deus, 'pois a prova nega a fé, e sem fé eu não sou nada.'
Diz o homem: 'Mas o peixe-babel é uma tremenda bandeira, não é? Ele não poderia ter evoluído por acaso. Ele prova que você existe, e portanto, conforme o que você mesmo disse, você não existe. Q. E. D'
Então Deus diz: "Ih, não é que eu não tinha pensado nisso?" E imediatamente desaparece, numa nuvenzinha de lógica."
*Do latim quod erat demontrandum (como queríamos demonstrar). (N.T.)
O Guia do Mochileiro das Galáxias
O mochileiro das Galáxias - Livro 1
Douglas Adams
"É raro que, na vida real, possamos ter o melhor de dois mundos, ficar com a lenha e se aquecer com o fogo. Quase sempre é preciso escolher. Com o tempo, a gente acostuma a abrir mão de algumas coisas em favor de outras. Até aprende a conviver com a possibilidade de ter feito a escolha errada. Afinal, a dúvida é o preço da pureza. No fim das coisas, é isso que nós somos: as escolhas que fazemos."
Nas Entrelinhas do Horizonte
Humberto Gessinger
"(...) Um vírus virulento... Violento, voraz... Sem piedade... Sem compaixão... Pessoas frias... Desalmadas... Crianças que cresceram sem amor... Crianças que foram geradas em trepadas que aconteceram sem amor... Sobre camas que foram construídas sem amor... Crianças que cresceram sem ter ninguém para chamar de bem, sem ter ninguém para dizer: Meu bem... Em porões de prédios que foram desenhados por engenheiros que só estavam pensando no dinheiro na hora em que os desenharam... Caras que fizeram aquilo sem amor nenhum à arte, ou o que for! Nem a si mesmos. Crianças sujas e feias que cresceram sozinhas nas ruas sujas e feias de nossas cidades sujas e feias... Crianças que tiveram, como mestres, aquilo que temos de pior... Aquilo que não temos nem mais pudor de esconder... Meninos que tiveram como mães as meninas das ruas, que são usadas, abusadas e depois jogadas foras.
(...) Anjos exterminadores que estão devolvendo para a sociedade que os gerou, exatamente aquilo que receberam dela: A mesma frieza, a mesma crueldade desalmada..."
Abilolado Mundo Novo
Carlos Maltz
Carlos Maltz
"- Que quer dizer cativar?
- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa - significa "criar laços".
- Criar laços?
- Exatamente - disse a raposa -Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outros, serás para mim único no mundo e eu serei para ti única no mundo."
O Pequeno Príncipe
Antoine de Saint-Exupéry
Antoine de Saint-Exupéry
"A máquina voraz gera produtos e consumo. Quer consumidores. Todos temos que ser consumidores. Essa é a nossa identidade nesse admirável mundo novo em que vivemos. Só existimos enquanto consumidores e, para sermos reais nesse mundo, temos que ser consumidores, as pessoas farão qualquer coisa para se enquadrar nisso. Qualquer coisa! A máquina voraz tem uma lógica própria: Pessoas que roubam milhões e dão golpes gigantescos sãoo personagens de luxo desse sistema, a menos que deixem rastros escandalosos. Já as pessoas vindas das classes sociais menos favorecidas, que na ânsia e na incompetência de se tornarem consumidores, causarem algum ruído que possa atrapalhar a paz de Muzak dos shopping centers, serão exilados em penitenciárias cada vez mais modernas, superlotadas... Ainda chegaremos a cumprir a profecia de Huxley, criando um país onde os marginalizados e os excluidos vivam em um estado de isolamento que não possam causar ruído, nem contaminar nosso mundo esterelizado. Nossa sociedade está dividida em consumidores e não-consumidores, que são eliminados."
Abilolado Mundo Novo
Carlos Maltz
Carlos Maltz
Assinar:
Postagens (Atom)